terça-feira, 29 de junho de 2010

OITAVAS-DE-FINAL

Oito jogos colocaram frente a frente as seleções classificadas após a primeira fase do mundial. Dois clássicos de grande rivalidade e alguns confrontos interessantes e imprevisíveis.

URUGUAI 2 X 1 CORÉIA DO SUL

Confronto entre a tradição e garra uruguaias com a tradição recente e correria dos coreanos. Foi um jogo muito legal de se acompanhar. O Uruguai tem um time forte, agressivo e com uma dedicação impressionante. Já a Coréia do Sul alia a velocidade da escola asiática com o pragmatismo europeu. Durante boa parte do jogo manteve a maior posse de bola e a maioria das ações ofensivas, só que careciam de mais qualidade. Esse não é o problema do Uruguai, que é uma equipe segura, autoconfiante e que conta com alguns atletas acima da média. O placar de 2 a 1 para os "charruas" foi justo e merecido.

ESTADOS UNIDOS 1 X 2 GANA

Jogo bom, movimentado, confrontando duas seleções absolutamente distintas, mas com histórias semelhantes na competição. Ambas se garantiram na última rodada entre as classificadas e correram por fora em seus respectivos grupos. Os Estados Unidos apresentaram um futebol bacana, de muita marcação e aplicação tática, aliadas a uma coragem e uma determinação incomuns. Sempre saíram em desvantagem no placar e correram atrás da reversão. Desta vez não conseguiram. Gana foi a única representante africana na segunda fase, e fez bonito neste jogo. Foram pra cima, suportaram o maior volume de jogo dos americanos, que empataram após os ganeses abrirem o placar no início da peleja, e fizeram um gol na prorrogação, num contra-ataque fulminante. Classificar para as quartas-de-final já iguala a melhor colocação de um time africano em Copas, como ocorreu com Camarões e Senegal. Pegam o Uruguai e jogam pelo continente.

ALEMANHA 4 X 1 INGLATERRA

Grande clássico europeu e mundial, Alemães e ingleses travaram árduas e impressionantes batalhas ao longo de suas histórias. A rivalidade entre Normandos oriundos da Germânia e os Saxões, que esteve na gênese da Inglaterra, passou para os campos político e militar nos séculos seguintes. No futebol a rivalidade ficou mais acirrada na decisão da Copa de 1966, quando os ingleses levaram melhor, com direito a um gol ainda hoje contestado. Pois a ironia do destino quis que as duas grandes potências voltassem a se enfrentar nesta Copa, e os germânicos levaram a melhor. A goleada acachapante não só premiou a melhor equipe, mas revolveu a polêmica de 66, já que houve um tento não assinalado pelo árbitro em favor dos britânicos em condições incrivelmente semelhantes. A Alemanha assegura sua vaga e seu lugar entre os maiores favoritos para a conquista do torneio, enquanto os ingleses voltam para casa cheios de dúvidas.

ARGENTINA 3 X 1 MÉXICO

Um jogo entre o mais forte e o mais fraco. A vitória argentina era esperada e não precisava da ajudinha da arbitragem, que validou um gol de Tevez em flagrante impedimento. Mas o time do marrento Maradona está brilhando, com um futebol bonito e objetivo. Os argentinos são exuberantes, arrogantes, atrevidos, briguentos quando precisam. Já os mexicanos chegaram até onde podiam. Falta qualidade e competitividade. O time não é ruim, nem mal treinado, apenas esbarrou numa equipe mais bem provida de talento e mais preparada para uma competição como essa. Volta aquele velho problema da falta de autoconfiança e força.

HOLANDA 2 X 1 ESLOVÁQUIA

A Holanda ainda não mostrou nesta copa a fama que carrega, e nem justifica a herança da alcunha dada para a equipe de 74, Laranja Mecânica. Tem um futebol solto, ofensivo, mas ainda pouco inspirado. Mas eles são movidos por uma autoridade e uma autoconfiança que geralmente só encontramos nas equipes campeãs. Pocas seleções representam tão bem sua nação como a Holanda, em tudo. Da abrangência genética ao estilo e à postura dos atletas, dentro e fora do campo. Os eslovacos são duros, aplicados, ofereceram perigo, mas nada que ameaçasse a vaga holandesa para as quartas. E lá vamos novamente ver um duelo entre Brasil e Holanda.

BRASIL 3 X 0 CHILE

O Brasil não tomou conhecimento do Chile. Atropelou a equipe do louco Bielsa com um futebol seguro, forte, rápido e de habilidade. A seleção brasileira é a única que entra em campo sem demonstrar qualquer sinal de apreensão ou de temor, mesmo respeito, ao adversário. Tem sempre um ar de quem está certo da vitória. O Chile mostrou porque ainda não pode ser encarado como grande força do futebol. Se tem um jogo bacana, ofensivo, despreocupado, perde justamente na falta de seriedade e de competitividade. Mas faz alguns dos jogos mais legais da atualidade.

PARAGUAI 0 X 0 JAPÃO (5 X 3 NOS PÊNALTIS)

Jogo fraco tecnicamente, mas que exigiu muito ada parte física dos atletas. O Japão não repetiu as boas atuações da primeira fase e ainda esbarraram na segura e consistente defesa paraguaia. Os sul-americanos não possuem ataque produtivo, mesmo com bons jogadores, e compensam tudo com uma qualidade defensiva impressionante. Primeira decisão por pênaltis da Copa, e premiou a competência dos guaranis. O Japão fez belo papel na competição, mostrou futebol técnico e habilidoso, e já deu provas de que em breve será adversário duríssimo para quem quer que seja.

PORTUGAL 0 X 1 ESPANHA

Na história portuguesa os vizinhos ibéricos sempre foram os primos ricos e poderosos. O pequeno país peninsular que nos colonizou já foi até mesmo governado pelos espanhóis, ainda lá nos primórdios. Mas segue, consciente ou inconscientemente, meio que submisso à Espanha. Enquanto esses já se inseriram entre as grandes economias globais e adquirem importância política cada vez maior, nossos patrícios continuam sua lenta e, às vezes, atrasada, corrida rumo ao primeiro mundo. No futebol as coisas funcionam de maneira similar. A Fúria é uma das grandes seleções da atualidade, com uma equipe habilidosa e extremamente técnica, considerada uma das favoritas para a conquista do título. Portugal, por sua vez, busca uma forma de jogar competitiva, que compense a saída de Luís Felipe Scolari. Com o treinador brasileiro os lusos chegaram às semifinais da última Copa. Só que o time agora não conta com a boa safra de alguns anos atrás, e tem em Cristiano Ronaldo um craque isolado, sem conseguir mostrar em campo tudo o que rendeu no Manchester United e hoje rende no Real Madri. O equilíbrio visto no primeiro tempo se esvaiu na segunda etapa. A Espanha passou a dominar a partida e fez aquele tradicional jogo de paciência até o gol salvador do artilheiro Villa. A história segue seu rumo, com os portugueses subjugados por seus vizinhos.

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